Por Alice Coelho
De acordo com estudo da OMS, o suicídio foi a segunda principal causa de morte, entre jovens de 15 a 29 anos, estando atrás apenas dos acidentes de trânsito “Uma pessoa ainda morre a cada 40 segundos por suicídio”. Disse o diretor-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Toda morte é uma tragédia para família, amigos e colegas. No entanto, suicídios são visitáveis”.
Como posso fazer minha parte para contribuir com o bem-estar coletivo? Como mãe e terapeuta, me sensibilizo muito com a dor do suicídio, em especial entre adolescentes. Como posso ajudar a prevernir o suicídio, além dos limites da minha casa? E é como uma mãe, que te convido a refletir. O que no íntimo dos nossos lares, podemos fazer de forma propositiva para reduzir essa estatística?
Vamos nos reinventar e trabalhar preventivamente?
É certo que nós pais, não aprendemos a falar sobre a morte. Sabemos da nossa finitude e que a vida começa a nos impor a morte, a partir do nosso nascimento, mas porque a morte, ainda nos assombra tanto? O mundo clama por uma mudança de comportamento dos pais, para salvar a vida dos filhos.
Que tal começar em casa a falar sobre o tema? Vamos quebrar o tabu. O tabu de falar sobre a morte e sobre o suicídio, perdura ao longo de várias gerações. Precisamos conceituar o que é tristeza, frustração, desesperança, depressão e discorrer sobre o suicídio.
Começar expondo os nossos sentimentos e o que nos aflige para os nossos filhos, possibilitará a criação de um ambiente propício, para que eles também revelem o que sentem.
O que mais irrita seu filho? O que mais o deixa abatido? O que comumente ele sente, o porquê e quando sente? Quando ele se sente inferior ao colega? A desesperança transita pela vida dele?
A falta de suporte familiar, a ausência de relações sociais positivas, os conflitos familiares, a baixa autoestima, a insegurança e a solidão, são fatores citados por diversos adolescentes em diferentes pesquisas e que implicam no desenvolvimento dos quadros de depressão.
Sendo a família a instituição mais antiga da sociedade, é comum que seja compreendida como referência na vida das pessoas, de afeto e proteção.
Pais distantes e ausentes, não perceberão a necessidade de tratamento do filho. Não o acolherá, não o protegerá adequadamente. Vale ressaltar que esse papel é dos pais!! Não é da escola!
Não raro, ouvimos os pais falarem que essa geração é assim mesmo: são rebeldes, ficam trancados no quarto, vivem no smartphone. É impossível, se relacionar com eles. Até quando amparados por essas “desculpas” promoveremos o distanciamento familiar? E o que vai camuflar as crises de ansiedade, o quadro depressivo e o ideal suicida dos nossos jovens? Tirar a vida é uma solução drástica, para quem o faz, além disso também compromete e entristece a vida de em média 8 pessoas ao redor.
A sensação de impotência, a desesperança, leva à vontade de morrer ” literalmente”. Conversar sobre a morte não biológica, dialogar sobre a morte simbólica e entender o que os nossos jovens precisam deixar morrer para renascerem fortalecidos, pode ser uma alternativa de aproximação.
O adolescente pode estar querendo matar a necessidade compulsiva de ser aceito, ou estar sofrendo pelo desejo desenfreado de agradar a todos. Sentir-se fragilizado por não conseguir consumir tudo que a sociedade materialista impõe, para se sentir reconhecido. A necessidade de se mostrar feliz nas redes sociais, pode estar “matando-o” aos poucos. O fato de viver num mundo de relações descartáveis, pode o afligir mais que aos demais jovens.
Viemos ao mundo para evoluir. Quem inventou que viemos ao mundo para criar filhos felizes e sermos felizes, nos enganou. Se faz necessário, contar isso a todo mundo, temos que falar sobre a evolução e que como seres humanos, para evoluirmos, carecemos de fazer algo positivo para todos.
Que saibamos praticar a evolução da nossa espécie, a partir das nossas casas, para quem sabe, no futuro contribuirmos para um mundo mais feliz. Que tal começarmos hoje?
Aproveito para compartilhar sugestão de dois filmes para você assistir, refletir, também se achar válido, convidar a prole para assistir junto.
O Guia para a Família perfeita (filme 2021, Netflix) e Seu filho (filme 2018, Netflix).
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Alice Coelho – Terapeuta Junguiana, Coach e administradora. Pós Graduada em Processo Criativo e Facilitação de Grupos pelo IJBA e Faculdade Bahiana de Medicina e Saúde Pública.